Considerando a demanda atual em promover atividades humanas com o máximo de aproveitamento de recursos existentes e o mínimo de resíduos e energia empregada, a construção civil está claramente comprometida a criar edificações sustentáveis. Ao longo dos anos o que vemos no Brasil é a concepção tradicional de construção baseada em técnicas e procedimentos arcaicos que, além de gerar desperdícios ao longo da obra, ao final de sua vida útil vão gerar resíduos de grande impacto ambiental. A tendência é de que novos sistemas sejam inseridos considerando a possibilidade de reutilização e que sejam produzidos e edificados com o mínimo de desperdício e impacto na cidade e no meio ambiente.
Além das questões para produzir e dispor das edificações devem ser consideradas também questões de utilização das mesmas. Ao longo de sua ocupação, uma edificação deve se adequar ao conforto dos usuários para que tenha um desempenho satisfatório. Uma edificação localizada em países da Europa, por exemplo, pode não ser adequada ao Brasil, considerando condições culturais e ambientais adversas. O que se faz atualmente, salvo exceções, é projetar edificações que terão ambientes internos controlados através de sistemas artificiais, como ar condicionado, aquecedores e outros. Isto é que, ao longo do uso das edificações, torna estes espaços insalubres, caros energeticamente e sem identidade com o lugar onde estão instaladas.
A industrialização da construção civil e uso de estrutura metálica estão intimamente relacionadas com questões de impacto ambiental. Parte-se da idéia de que se a utilização de recursos industrializados for feita de forma racional será uma garantia de recursos reaproveitados no futuro. Se há séculos atrás as grandes obras demoravam décadas para serem construídas e muitas delas existem até hoje, atualmente as obras ocorrem com maior rapidez, para intervir o mínimo na atividade do entorno, mas tem durabilidade menor. A dinâmica com que modifica a necessidades humanas de ocupação traz consigo a demanda de espaços que possuam múltiplas funções. Como são contínuas, estas demandas mudam ao longo do tempo. Acredita-se que edificações estruturadas em aço atendem de forma satisfatória estas necessidades e que, se ainda existem edifícios em que a princípio é oneroso utilizar tecnologias industrializadas, pensando em longo prazo haverá uma economia de energia na utilização, manutenção, e reciclo deste edifício. O sentido da viabilidade da industrialização que parta da estrutura metálica não consiste apenas no levantamento de custos de cada material, mas no quanto a construção deste sistema será mais ágil que de um sistema convencional, dando um retorno financeiro mais rápido, no quanto reduzirá a mobilização de pessoal envolvido direta e indiretamente na obra e na mobilidade espacial que criará ao longo do uso.
Quando se pensa em industrialização, o uso de estruturas metálicas é não só um precursor como um direcionador para se criar sistemas totalmente industrializados e que gerem o mínimo de desperdício. Além de entender a influência da industrialização na sustentabilidade das edificações é preciso definir diretrizes para que este método construtivo se popularize e que seja gerido através de conceitos sustentáveis. Existe uma tendência de industrialização da construção civil, o que ocorre em países de primeiro mundo há décadas e que no Brasil aparece em exemplos de grandes obras, como shopping centers, edifícios de escritórios e nas primeiras edificações do Light Steel Framing (LSF). Por outro lado, existem vertentes, como a permacultura, que defendem que uma edificação sustentável é pensada a partir de recursos locais como a madeira e o solo. Considerando a sustentabilidade ao longo do processo de “concepção, nascimento e morte” da edificação, a mesma envolve mais do que energia embutida na produção de materiais estruturais e componentes da obra, mas que produzirá menos resíduos ao final da vida útil. A estrutura metálica e seus componentes industrializados, uma vez produzidos e aplicados corretamente, podem ser desmontados e remontados para novas edificações. Além disso, a sustentabilidade aplicada à utilização do edifício, está mais aplicada à maneira como o projeto deste edifício foi concebido que aos materiais em si. Uma vez utilizado, um edifício deve prover segurança estrutural e contra-incêndio, habitabilidade, o que envolve estanqueidade, conforto higrotérmico, conforto acústico, conforto lumínico, saúde, higiene e qualidade do ar, funcionalidade e acessibilidade e conforto tátil. E, por fim, critérios de sustentabilidade que envolvem durabilidade, manutenibilidade e adequação ambiental.
Existem sistemas que avaliam o grau de sustentabilidade dos edifícios que já funcionam em países como EUA, Canadá, Austrália, Japão, França e Inglaterra. Estes sistemas são baseados nos critérios ditos anteriormente, mas consideram necessidades específicas destes países. No Brasil, está sendo desenvolvida uma norma de desempenho pela ABNT (CB02-136), que aborda quesitos de habitabilidade, segurança e sustentabilidade, mas não possuem o foco de consumo energético e impacto ambiental que os índices dos países acima citados possue.
Danielly Garcia, em 02/02/07
Alguns sites sobre certificação verde:
http://www.assohqe.org/
http://www.nabers.com.au/
http://www.sbis.info/index.jsp
http://www.usgbc.org/
http://www.breeam.org/
domingo, 11 de fevereiro de 2007
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Um comentário:
Temos que divulgar mesmo a necessidade de todos os arquitetos, pequenos e grandes escritorios, estarem ligados neste contexto! Nós somos a base para desenvolver um ideal de construção diferenciada e direcionada para a sutentabilidade!
É isso ai, Dany! continue escrevendo e divulgando!
Inté
Aline Matos
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