La Vanguardia
Terça, 27 de fevereiro de 2007, 19h39
Antonio Cerrillo
São advogados, médicos, administradores, esportistas, vereadores de cidades modestas. E agora todos se converteram em pequenos empresários, investindo em usina de energia solar que será a maior geradora mundial de eletricidade pelo método fotovoltaico.
Um total de 753 proprietários, tanto indivíduos quanto associações comerciais, está envolvido no projeto que resultou na construção de uma usina solar em Milagro, aldeia da região espanhola de Navarra, equipada com 864 painéis fotovoltaicos. O investimento total atingiu os 65 milhões de euros, e a usina, que será inaugurada formalmente em 17 de abril, está funcionando experimentalmente desde o final de dezembro.
¿Graças ao entusiasmo pelas placas de energia solar na Navarra, subitamente nos vimos transformados em produtores de eletricidade¿, disse Esteban Garijo, prefeito de Milagro e um dos investidores que aderiram com mais rapidez ao projeto. Garijo está entusiasmado com uma iniciativa que revolucionou a cidadezinha.
A usina está localizada em uma antiga fazenda rústica de 50 hectares, onde todas as instalações foram montadas. Na verdade, é como se cada um dos 753 proprietários (150 dos quais moradores da aldeia) tivesse instalado seu painel individual no local, propriedade comunitária dos investidores. O projeto se beneficiou de assistência econômica do governo da Navarra, que oferece descontos no imposto de renda ou no imposto empresarial em valor máximo de até 20% do total investido.
A usina solar de Milagro é uma das maiores instalações mundiais do tipo em termos de potência instalada. Os 9,55 megawatts de energia que ela é capaz de gerar são superados apenas por duas usinas construídas recentemente na Baviera, com capacidade de 10 e 12 megawatts, respectivamente. No entanto, dada a maior incidência de radiação solar na região da Ribera de Navarra do que na Alemanha, em termos agregados a nova usina espanhola será a maior produtora mundial de energia solar.
Cada um dos sócios do projeto contribuiu com entre 40 mil e 900 mil euros em investimento, ainda que Garijo prefira manter a discrição sobre as quantias. Mas o investimento está garantido, porque toda a energia produzida será entregue e vendida à rede de energia da província. O projeto se beneficia do programa de incentivo do governo à energia renovável, que obriga as geradoras de energia a adquirir toda a energia produzida de fontes não poluentes. A geração de eletricidade de origem renovável em 2006 tem preço de aquisição fixado para 2006 em uma média equivalente a cinco vezes o valor de referência dos primeiros 25 anos.
Os benefícios para os investidores surgirão rapidamente, a estimativa é de que o projeto recuperará integralmente o seu custo em nove anos, incluindo os custos de financiamento bancário (empréstimos respondem por 75% do montante investido).
Garijo não hesita em atribuir o "imenso sucesso" da idéia à "forte aposta" do governo da Navarra. Além disso, a usina representará uma fonte considerável de renda para o município, que pode ver grande melhoria em sua situação financeira. "Um terreno inculto servirá para financiar atividades econômicas", ele diz, satisfeito. Com esse sistema original e eficaz de investimento coletivo, foi possível igualmente aproveitar ao máximo todos os incentivos oferecidos pelo governo nacional à energia solar na Espanha.
"A produção de energia solar na Espanha até agora estava concentrada basicamente em painéis de telhado, mas essa nem sempre é a melhor solução. O que decidimos foi preparar tudo para as pessoas interessadas em investir em um terreno destinado à exploração de energia solar limpa e renovável", disse Miguel Arrarás, diretor geral da Acciona Solar, a empresa encarregada de implementar o projeto.
Até agora, produzir energia renovável requeria a criação de uma empresa e toda uma carga de lentas tramitações burocráticas, o que vinha desestimulando os investidores. Mas a forma de organização de campos de painéis solares proposta pela Acciona Solar permite contornar esses obstáculos. A empresa criou e construiu a usina, e agora se encarrega das tarefas de gestão e comercialização da energia por ela gerada.
Periodicamente, encaminha aos investidores relatórios quanto à energia produzida e vendida à rede e os impostos recolhidos, bem como os ajuda, por fim, a regularizar toda a papelada necessária. Dessa maneira, os investidores não têm trabalho algum para se tornarem microempresários.
Os 14 milhões de quilowatts/hora de eletricidade gerados ao ano pela usina equivalem ao consumo de cerca de cinco mil residências, o que representa uma emissão de 13,5 mil toneladas de carbono na atmosfera ao ano. A Acciona Solar vem promovendo iniciativas como essa há cinco anos, e já colocou em operação 10 usinas de energia solar em diversos locais da Espanha.
Tradução: Paulo Eduardo Migliacci ME
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