Olhem que bacana o protótipo de casa toda construída em pet da UFSC.
sexta-feira, 23 de fevereiro de 2007
quarta-feira, 21 de fevereiro de 2007
Veja 18/02- A Neutralização da Culpa
Esta reportagem traz a história de compensar a emissão de CO2 através do plantio de árvores. Numa conversa no 4o período, falou-se da "falsidade" em fazer este tipo de ato. Na verdade não estaríamos incentivando ainda mais a emissão deste gás, se na verdade existe uma compensação?
"De tempos em tempos, práticas criadas para reduzir a degradação do meio ambiente ganham notoriedade especial. Com o passar dos anos, algumas conquistam mais solidez e a atenção quase exclusiva das pessoas. Dois exemplos recentes são a febre de consumo de alimentos orgânicos e a "neutralização", uma invenção de economistas, especialistas em barganhas. A barganha do "comércio verde" é baseada na idéia de que quem polui a atmosfera pode e deve fazer alguma coisa para compensar, ou neutralizar, a agressão. Em geral, isso se resume a plantar uma árvore. Entre todos os poluentes da atmosfera, o principal alvo da neutralização é o dióxido de carbono (CO2), gás responsável por impedir a dissipação para o espaço das ondas de calor resultantes da reflexão da luz do sol sobre a superfície do planeta. O metabolismo de plantas na etapa de crescimento consome grande volume de CO2. A árvore, então, mantém o carbono aprisionado em sua estrutura por décadas – ou até morrer ou ser cortada e transformada em carvão.
Quem não se dispõe a plantar sua própria árvore neutralizadora pode recorrer a especialistas. Entidades ambientalistas e ONGs podem plantar árvores a pedido da pessoa disposta a tornar sua presença menos onerosa para a saúde ambiental do planeta. Pagam-se pelo serviço entre 10 e 30 reais por muda. O plantio não precisa ocorrer, obviamente, na região onde o dióxido de carbono foi emitido. Existe ainda algum debate acadêmico sobre a real influência humana na aceleração do efeito estufa – fenômeno que, em níveis normais, garante a existência de vida na Terra. Mas, do ponto de vista da percepção popular, essa questão está selada. A vida civilizada oferece risco ao planeta. Ponto. Quem puder fazer alguma coisa para ajudar estará sendo um terráqueo responsável.
Com sete árvores, o administrador de empresas Ronney da Cunha vai neutralizar o MBA que cursou em 2006. Gostou da idéia. Ele e sua mulher, Denise, planejam neutralizar o nascimento de Gabriel, o segundo filho do casal
A neutralização foi inventada por uma entidade inglesa em 1997. Em dez anos, essa prática passou a ser levada a sério pelas grandes empresas mundiais, como a companhia aérea British Airways, e por celebridades como o ator Leonardo DiCaprio e os Rolling Stones. Al Gore, ex-vice-presidente dos Estados Unidos, veio ao Brasil no ano passado para lançar Uma Verdade Inconveniente, seu brado de alerta sobre a responsabilidade humana na aceleração ruinosa do aquecimento global. Gore fez questão de neutralizar sua viagem (o gás emitido pela turbina do jato que o trouxe, principalmente) com o plantio de 53 árvores em São Carlos, no interior paulista. A impressão e distribuição da edição brasileira do livro de Gore também foi neutralizada, com o plantio de 136 árvores. Gore deixou sementes. A neutralização está se tornando uma prática bastante comum também no Brasil. O Carnaval de São Paulo será neutro. Não é isso que vocês estão pensando! É neutro não no sentido de sem muita graça... sem ritmo. Usa-se aqui o termo em sua nova acepção ambiental.
Desde os carros alegóricos até a energia do Sambódromo, tudo será neutralizado. Custo ambiental da folia? Mil e duzentas árvores. Até a missa que o papa Bento XVI celebrará em São Paulo, em maio, será neutra, com o patrocínio da prefeitura paulistana. A iniciativa cria uma situação inusitada: o culto será católico, mas a neutralização, multirreligiosa. O pagamento em árvores será bancado por todos os contribuintes da cidade, católicos e não católicos.
Mas qual é a real eficácia da neutralização? Para alguns cientistas, ela é apenas a materialização do sonho quintessencial do politicamente correto acomodado: nenhum hábito de produção e consumo precisa ser mudado, desde que se plantem algumas dezenas de mudas. Com a neutralização, dizem esses críticos, a poluição torna-se moralmente permitida – ou pelo menos um pouco mais aceitável. Além disso, ainda que as árvores novas funcionem como filtros, tirando o CO2, calcula-se que seria preciso cobrir com elas cada metro quadrado de toda a superfície do planeta para neutralizar o excesso de dióxido de carbono acumulado na atmosfera. Tudo isso é verdade. Mas a ciência ambiental é ainda tão especulativa que tanto o cético quanto o fanático preservacionista podem estar errados. Na dúvida, é bom evitar os excessos. Ainda que não resolva o problema do efeito estufa, a neutralização é parte da solução. "É melhor neutralizar do que não fazer nada. É um começo", diz o engenheiro florestal Paulo Braga, diretor da Max Ambiental, empresa que elabora projetos de neutralização de carbono. Para Mario Monzoni, coordenador do centro de estudos em sustentabilidade da Fundação Getulio Vargas, a neutralização só será eficaz se for acompanhada de uma drástica diminuição da queima de combustíveis fósseis no mundo. Caso contrário, não passará de mais um modismo.
Adrian Dennis/AFP
Menos fumaça no céu: a British Airways oferece passagens neutralizadas a passageiros que pagarem um pouco mais
Guiadas pelo marketing, as grandes companhias juram fazer as duas coisas: reduzir os poluentes e neutralizar as emissões que forem inevitáveis. "As empresas estão tentando dar uma resposta ao atual sentimento de culpa das pessoas", disse Rony Rodrigues, da Box 1824, consultoria especializada em análise de mercado. Num período de cinco anos, a companhia aérea inglesa British Airways reduziu em 8% a emissão de dióxido de carbono liberado na queima de querosene dos aviões. A companhia também cobra uma taxa extra dos viajantes que desejarem neutralizar seus vôos. Custa 14,49 dólares neutralizar o trecho Londres–São Paulo, responsável pela emissão de 1,07 tonelada de CO2 por passageiro. O parque de diversões Playcenter foi uma das últimas empresas brasileiras a aderir à moda: neutralizará o carbono do funcionamento de 35 atrações, plantando 10 904 árvores por ano até 2011. Famosos também surfam na nova onda ambiental. A dupla Sandy & Junior vai neutralizar todos os setenta shows deste ano e a gravação do seu novo CD. A Pindorama, produtora da atriz Regina Casé e de seu marido, Estevão Ciavatta, neutralizou, com 28 árvores, um comercial feito para a Africa, agência de Nizan Guanaes. As mudas plantadas serviram para abater os deslocamentos da equipe de cinqüenta pessoas, os gastos com energia e o lixo da produção. Brinca a atriz, para desespero dos ambientalistas: "Com a quantidade de árvores que plantei, já posso queimar muito carbono". O administrador de empresas Ronney Saverbronn da Cunha, 37, contratou uma consultoria para neutralizar um curso de MBA feito no ano passado. Serão necessárias sete árvores para compensar o custo ambiental da fabricação das 3.120 folhas de papel usadas, do trajeto de 15 quilômetros feito de carro durante noventa dias e da energia usada em sala de aula. "Agora pretendo neutralizar o nascimento do meu filho, Gabriel", disse Ronney, cuja mulher, Denise, está grávida de oito meses.
Mas quem se encarrega de fazer tantos cálculos e plantar tantas árvores? E quem fiscaliza tudo isso? Existe uma miríade de entidades especializadas na neutralização. A Max Ambiental já fez uma dezena de projetos no verão de 2005/2006. Para este ano, já há trinta outros engatados. A Iniciativa Verde, que também faz a neutralização para pessoas e empresas, teve quinze projetos em 2006. Desde janeiro, trabalha em outros 35. A Max Ambiental atua em parceria com a SOS Mata Atlântica, entidade que planta árvores muito antes da moda da neutralização. "Para nós, o plantio não é novidade. O que interessa é que as empresas, ainda que em busca do marketing, tenham aderido", declarou Adauto Basílio, diretor de captação de recursos e responsável pelos programas de reflorestamento da entidade. O custo dos projetos depende do número de árvores e das espécies plantadas. Pode chegar centenas de milhares de reais. Engenheiros florestais e especialistas em crédito de carbono estão sendo disputados a tapa pelas empresas especializadas em neutralização. Tudo para aliviar a culpa de clientes, grandes e pequenos, em faturamento e lucro. A última edição do relatório Carbon Down Profits Up, da entidade inglesa Climate Group, mostra uma evolução de adesões à causa: 74 companhias, de onze países, preocupadas com as emissões de carbono.
Como a neutralização não é obrigatória, nenhuma entidade governamental fiscaliza se os cálculos estão corretos ou se as árvores são realmente plantadas. Para não cair no conto-do-vigário, é bom verificar se a prestadora de serviço contrata alguma auditoria externa conhecida para analisar a execução dos trabalhos. As entidades mais sérias fazem isso. Como qualquer outro modismo, esse também tem sua cota de aberrações e hipocrisia. Palco de alguns dos piores crimes de corrupção (sete envolvendo até órgãos ambientais) da história brasileira, a Câmara dos Deputados anunciou que vai neutralizar suas atividades. Já foi encomendado um estudo para calcular a emissão de dióxido de carbono com transporte e consumo de energia elétrica dos 513 deputados. A idéia é compensar os danos ao meio ambiente. Pena que os parlamentares não possam neutralizar também danos de outra natureza. "
Com reportagem de Cíntia Borsato
Quem não se dispõe a plantar sua própria árvore neutralizadora pode recorrer a especialistas. Entidades ambientalistas e ONGs podem plantar árvores a pedido da pessoa disposta a tornar sua presença menos onerosa para a saúde ambiental do planeta. Pagam-se pelo serviço entre 10 e 30 reais por muda. O plantio não precisa ocorrer, obviamente, na região onde o dióxido de carbono foi emitido. Existe ainda algum debate acadêmico sobre a real influência humana na aceleração do efeito estufa – fenômeno que, em níveis normais, garante a existência de vida na Terra. Mas, do ponto de vista da percepção popular, essa questão está selada. A vida civilizada oferece risco ao planeta. Ponto. Quem puder fazer alguma coisa para ajudar estará sendo um terráqueo responsável.
Com sete árvores, o administrador de empresas Ronney da Cunha vai neutralizar o MBA que cursou em 2006. Gostou da idéia. Ele e sua mulher, Denise, planejam neutralizar o nascimento de Gabriel, o segundo filho do casal
A neutralização foi inventada por uma entidade inglesa em 1997. Em dez anos, essa prática passou a ser levada a sério pelas grandes empresas mundiais, como a companhia aérea British Airways, e por celebridades como o ator Leonardo DiCaprio e os Rolling Stones. Al Gore, ex-vice-presidente dos Estados Unidos, veio ao Brasil no ano passado para lançar Uma Verdade Inconveniente, seu brado de alerta sobre a responsabilidade humana na aceleração ruinosa do aquecimento global. Gore fez questão de neutralizar sua viagem (o gás emitido pela turbina do jato que o trouxe, principalmente) com o plantio de 53 árvores em São Carlos, no interior paulista. A impressão e distribuição da edição brasileira do livro de Gore também foi neutralizada, com o plantio de 136 árvores. Gore deixou sementes. A neutralização está se tornando uma prática bastante comum também no Brasil. O Carnaval de São Paulo será neutro. Não é isso que vocês estão pensando! É neutro não no sentido de sem muita graça... sem ritmo. Usa-se aqui o termo em sua nova acepção ambiental.
Desde os carros alegóricos até a energia do Sambódromo, tudo será neutralizado. Custo ambiental da folia? Mil e duzentas árvores. Até a missa que o papa Bento XVI celebrará em São Paulo, em maio, será neutra, com o patrocínio da prefeitura paulistana. A iniciativa cria uma situação inusitada: o culto será católico, mas a neutralização, multirreligiosa. O pagamento em árvores será bancado por todos os contribuintes da cidade, católicos e não católicos.
Mas qual é a real eficácia da neutralização? Para alguns cientistas, ela é apenas a materialização do sonho quintessencial do politicamente correto acomodado: nenhum hábito de produção e consumo precisa ser mudado, desde que se plantem algumas dezenas de mudas. Com a neutralização, dizem esses críticos, a poluição torna-se moralmente permitida – ou pelo menos um pouco mais aceitável. Além disso, ainda que as árvores novas funcionem como filtros, tirando o CO2, calcula-se que seria preciso cobrir com elas cada metro quadrado de toda a superfície do planeta para neutralizar o excesso de dióxido de carbono acumulado na atmosfera. Tudo isso é verdade. Mas a ciência ambiental é ainda tão especulativa que tanto o cético quanto o fanático preservacionista podem estar errados. Na dúvida, é bom evitar os excessos. Ainda que não resolva o problema do efeito estufa, a neutralização é parte da solução. "É melhor neutralizar do que não fazer nada. É um começo", diz o engenheiro florestal Paulo Braga, diretor da Max Ambiental, empresa que elabora projetos de neutralização de carbono. Para Mario Monzoni, coordenador do centro de estudos em sustentabilidade da Fundação Getulio Vargas, a neutralização só será eficaz se for acompanhada de uma drástica diminuição da queima de combustíveis fósseis no mundo. Caso contrário, não passará de mais um modismo.
Adrian Dennis/AFP
Menos fumaça no céu: a British Airways oferece passagens neutralizadas a passageiros que pagarem um pouco mais
Guiadas pelo marketing, as grandes companhias juram fazer as duas coisas: reduzir os poluentes e neutralizar as emissões que forem inevitáveis. "As empresas estão tentando dar uma resposta ao atual sentimento de culpa das pessoas", disse Rony Rodrigues, da Box 1824, consultoria especializada em análise de mercado. Num período de cinco anos, a companhia aérea inglesa British Airways reduziu em 8% a emissão de dióxido de carbono liberado na queima de querosene dos aviões. A companhia também cobra uma taxa extra dos viajantes que desejarem neutralizar seus vôos. Custa 14,49 dólares neutralizar o trecho Londres–São Paulo, responsável pela emissão de 1,07 tonelada de CO2 por passageiro. O parque de diversões Playcenter foi uma das últimas empresas brasileiras a aderir à moda: neutralizará o carbono do funcionamento de 35 atrações, plantando 10 904 árvores por ano até 2011. Famosos também surfam na nova onda ambiental. A dupla Sandy & Junior vai neutralizar todos os setenta shows deste ano e a gravação do seu novo CD. A Pindorama, produtora da atriz Regina Casé e de seu marido, Estevão Ciavatta, neutralizou, com 28 árvores, um comercial feito para a Africa, agência de Nizan Guanaes. As mudas plantadas serviram para abater os deslocamentos da equipe de cinqüenta pessoas, os gastos com energia e o lixo da produção. Brinca a atriz, para desespero dos ambientalistas: "Com a quantidade de árvores que plantei, já posso queimar muito carbono". O administrador de empresas Ronney Saverbronn da Cunha, 37, contratou uma consultoria para neutralizar um curso de MBA feito no ano passado. Serão necessárias sete árvores para compensar o custo ambiental da fabricação das 3.120 folhas de papel usadas, do trajeto de 15 quilômetros feito de carro durante noventa dias e da energia usada em sala de aula. "Agora pretendo neutralizar o nascimento do meu filho, Gabriel", disse Ronney, cuja mulher, Denise, está grávida de oito meses.
Mas quem se encarrega de fazer tantos cálculos e plantar tantas árvores? E quem fiscaliza tudo isso? Existe uma miríade de entidades especializadas na neutralização. A Max Ambiental já fez uma dezena de projetos no verão de 2005/2006. Para este ano, já há trinta outros engatados. A Iniciativa Verde, que também faz a neutralização para pessoas e empresas, teve quinze projetos em 2006. Desde janeiro, trabalha em outros 35. A Max Ambiental atua em parceria com a SOS Mata Atlântica, entidade que planta árvores muito antes da moda da neutralização. "Para nós, o plantio não é novidade. O que interessa é que as empresas, ainda que em busca do marketing, tenham aderido", declarou Adauto Basílio, diretor de captação de recursos e responsável pelos programas de reflorestamento da entidade. O custo dos projetos depende do número de árvores e das espécies plantadas. Pode chegar centenas de milhares de reais. Engenheiros florestais e especialistas em crédito de carbono estão sendo disputados a tapa pelas empresas especializadas em neutralização. Tudo para aliviar a culpa de clientes, grandes e pequenos, em faturamento e lucro. A última edição do relatório Carbon Down Profits Up, da entidade inglesa Climate Group, mostra uma evolução de adesões à causa: 74 companhias, de onze países, preocupadas com as emissões de carbono.
Como a neutralização não é obrigatória, nenhuma entidade governamental fiscaliza se os cálculos estão corretos ou se as árvores são realmente plantadas. Para não cair no conto-do-vigário, é bom verificar se a prestadora de serviço contrata alguma auditoria externa conhecida para analisar a execução dos trabalhos. As entidades mais sérias fazem isso. Como qualquer outro modismo, esse também tem sua cota de aberrações e hipocrisia. Palco de alguns dos piores crimes de corrupção (sete envolvendo até órgãos ambientais) da história brasileira, a Câmara dos Deputados anunciou que vai neutralizar suas atividades. Já foi encomendado um estudo para calcular a emissão de dióxido de carbono com transporte e consumo de energia elétrica dos 513 deputados. A idéia é compensar os danos ao meio ambiente. Pena que os parlamentares não possam neutralizar também danos de outra natureza. "
Com reportagem de Cíntia Borsato
Sede da Capes - Edifício Verde
A nova sede da Capes será um dos primeiros 'edifícios verdes' do setor público brasileiro
Sexta-Feira, 9 de Fevereiro de 2007 Cíntia Caldas
A presença de soluções arquitetônicas que causassem o menor impacto ambiental possível, ao lado da economia de recursos financeiros e naturais, foram as maiores preocupações durante a escolha do projeto para a nova sede da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes/MEC). Com isso, a nova sede será um dos primeiros 'edifícios verdes' do setor público brasileiro.O conceito de edifício verde está ligado à sustentabilidade e à inovação tecnológica nas construções urbanas. Essa concepção já vem sendo debatida em todo o mundo e de acordo com o presidente da comissão julgadora do concurso, Paulo Zimbres, a idéia foi muito bem aplicada nos projetos avaliados. "Essa é uma preocupação importante, pois traz benefícios não só para o meio ambiente. A economia de água, energia e de materiais traduz-se também na qualidade do trabalho que será desenvolvido dentro do novo prédio", explica.De acordo com a arquiteta Denise Machado, membro da comissão julgadora, a seleção não foi simples, pois os projetos inscritos apresentaram um nível profissional impressionante. "Tentamos escolher aquele que melhor atendesse às necessidades da Capes e que sintetizasse todas as qualidades que vimos nos demais", destaca.Os aspectos estéticos também foram avaliados. Segundo a arquiteta, procurou-se identificar os projetos mais próximos da concepção da Capes, que atua na vanguarda do conhecimento do país. Por isso, tiveram prioridade linhas arquitetônicas mais leves e arrojadas, que refletissem o avanço da ciência e da tecnologia.O julgamento das propostas ocorreu em Brasília, onde a comissão formada pelos arquitetos Ciro Pirondi, Denise Machado, Gustavo Penna, Héctor Vigliecca e Paulo Zimbres reuniu-se de 7 a 9 de fevereiro. Foram avaliados 64 projetos. Destes, cinco serão premiados e cinco receberão menções honrosas. A partir deste sábado, 10, todos estarão expostos no mezanino do Teatro Nacional Cláudio Santoro. (Cíntia Caldas)
Sexta-Feira, 9 de Fevereiro de 2007 Cíntia Caldas
A presença de soluções arquitetônicas que causassem o menor impacto ambiental possível, ao lado da economia de recursos financeiros e naturais, foram as maiores preocupações durante a escolha do projeto para a nova sede da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes/MEC). Com isso, a nova sede será um dos primeiros 'edifícios verdes' do setor público brasileiro.O conceito de edifício verde está ligado à sustentabilidade e à inovação tecnológica nas construções urbanas. Essa concepção já vem sendo debatida em todo o mundo e de acordo com o presidente da comissão julgadora do concurso, Paulo Zimbres, a idéia foi muito bem aplicada nos projetos avaliados. "Essa é uma preocupação importante, pois traz benefícios não só para o meio ambiente. A economia de água, energia e de materiais traduz-se também na qualidade do trabalho que será desenvolvido dentro do novo prédio", explica.De acordo com a arquiteta Denise Machado, membro da comissão julgadora, a seleção não foi simples, pois os projetos inscritos apresentaram um nível profissional impressionante. "Tentamos escolher aquele que melhor atendesse às necessidades da Capes e que sintetizasse todas as qualidades que vimos nos demais", destaca.Os aspectos estéticos também foram avaliados. Segundo a arquiteta, procurou-se identificar os projetos mais próximos da concepção da Capes, que atua na vanguarda do conhecimento do país. Por isso, tiveram prioridade linhas arquitetônicas mais leves e arrojadas, que refletissem o avanço da ciência e da tecnologia.O julgamento das propostas ocorreu em Brasília, onde a comissão formada pelos arquitetos Ciro Pirondi, Denise Machado, Gustavo Penna, Héctor Vigliecca e Paulo Zimbres reuniu-se de 7 a 9 de fevereiro. Foram avaliados 64 projetos. Destes, cinco serão premiados e cinco receberão menções honrosas. A partir deste sábado, 10, todos estarão expostos no mezanino do Teatro Nacional Cláudio Santoro. (Cíntia Caldas)
sábado, 17 de fevereiro de 2007
Globo Repórter - 16/12/07
Passou ontem no Globo Repórter uma casa próxima à São Paulo que foi construída com preocupações no uso da água de chuva e uso de energia solar para aquecimento de água. Entrem no site e vejam o vídeo. Não é tanta novidade, mas é legal saber que pessoas que nem arquitetos são, também estão envolvidas na construção de casas sustentáveis... bom carnaval pra todos!!! http://globoreporter.globo.com/Globoreporter/0,19125,VGC0-2703-16458-2-266998,00.html
Se equilibre...
Existe uma empresa paulista " The Green Initiative" que neutraliza o CO2 produzido por outra empresa ou até pessoas. Funciona da seguinte forma: eles calculam a quantidade de CO2 gasta em uma atividade e isso resulta em uma quantidade de árvores que devem ser plantadas para neutralizar este gás liberado. A São Paulo Fashion Week neutralizou suas atividades através do plantio de árvores. No site http://www.thegreeninitiative.com/ existe uma calculadora indica qual o CO2 liberado nas principais atividades. Entrem e testem!
sexta-feira, 16 de fevereiro de 2007
Dançando e gerando energia...
Em Roterdã, já existe uma discoteca que utiliza do movimento da pista de dança para gerar energia. A lógica é a mesma das usinas hidrelétricas: energia mecânica se transformando em energia elétrica... afinal quando dançamos estamos "gastando" energia, e como na vida nada se perde tudo se transforma...
Parece até que já ouvi essa história (não é mesmo Loco?)
Entrem n YouTube que tem um vídeo a respeito. É a Sustainable Dance Club. http://www.youtube.com/watch?v=rzb3VFi3Sew&eurl=
Soluções Ecológicas
Soluções ecológicas na construção ajudam a deter o aquecimento global
Angela Drumond - Estado de Minas
Um filme documentário com o ex-vice-presidente dos Estados Unidos Al Gore chama a atenção do mundo para que “cada um faça a sua parte”, na tentativa de reduzir o aquecimento global. A iniciativa começa em casa, onde atitudes aparentemente simples, como separar o lixo para a coleta seletiva, pode inspirar outras mais ousadas, entre elas a construção de moradias ecologicamente correta. Se os relatórios da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre o aquecimento global confirmam a tese de Al Gore e constituem uma péssima notícia para o mundo, a parte boa é que, apesar do estrago, a Terra ainda pode ser salva. Nessa linha de raciocínio, um grupo de arquitetos lidera em Minas Gerais um movimento pela adoção de métodos construtivos que usem materiais alternativos, luz solar, ventilação natural, reduzindo desperdícios com a recuperação de culturas antigas de construção de habitações, como telhados de grama, tijolos com expressiva parcela de terra (o adobe moderno) e uso de energia solar. Matheus Melo, Gabriel Velloso, Marcelo Palhares Machado e Luiz Felipe de Farias, da Horizontes Arquitetura e Urbanismo, em conjunto com a nova direção do Instituto dos Arquitetos do Brasil (IAB), seção de Minas Gerais, presidida por Cláudia Pires, além do diretor de Meio Ambiente da entidade, Rodrigo Bueno Melo, lutam por concepções que atendam o pedido de socorro da Terra. A “bíblia” do grupo é o Manual do arquiteto descalço, livro do holandês Johan Van Lengen, que desistiu de uma bem-sucedida carreira de arquiteto na Califórnia, nos EUA, para fixar residência na América Latina e se dedicar ao ramo de moradias populares. Outra fonte de inspiração é Arquitetura bioclimática, obra de João Filgueiras Lima (Lelé), arquiteto baiano de 90 anos, colega de Oscar Niemeyer, que discorda do amigo, quando os projetos são de estruturas fechadas e artificialmente iluminadas, que exigem o uso de ar-condicionado.
Angela Drumond - Estado de Minas
Um filme documentário com o ex-vice-presidente dos Estados Unidos Al Gore chama a atenção do mundo para que “cada um faça a sua parte”, na tentativa de reduzir o aquecimento global. A iniciativa começa em casa, onde atitudes aparentemente simples, como separar o lixo para a coleta seletiva, pode inspirar outras mais ousadas, entre elas a construção de moradias ecologicamente correta. Se os relatórios da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre o aquecimento global confirmam a tese de Al Gore e constituem uma péssima notícia para o mundo, a parte boa é que, apesar do estrago, a Terra ainda pode ser salva. Nessa linha de raciocínio, um grupo de arquitetos lidera em Minas Gerais um movimento pela adoção de métodos construtivos que usem materiais alternativos, luz solar, ventilação natural, reduzindo desperdícios com a recuperação de culturas antigas de construção de habitações, como telhados de grama, tijolos com expressiva parcela de terra (o adobe moderno) e uso de energia solar. Matheus Melo, Gabriel Velloso, Marcelo Palhares Machado e Luiz Felipe de Farias, da Horizontes Arquitetura e Urbanismo, em conjunto com a nova direção do Instituto dos Arquitetos do Brasil (IAB), seção de Minas Gerais, presidida por Cláudia Pires, além do diretor de Meio Ambiente da entidade, Rodrigo Bueno Melo, lutam por concepções que atendam o pedido de socorro da Terra. A “bíblia” do grupo é o Manual do arquiteto descalço, livro do holandês Johan Van Lengen, que desistiu de uma bem-sucedida carreira de arquiteto na Califórnia, nos EUA, para fixar residência na América Latina e se dedicar ao ramo de moradias populares. Outra fonte de inspiração é Arquitetura bioclimática, obra de João Filgueiras Lima (Lelé), arquiteto baiano de 90 anos, colega de Oscar Niemeyer, que discorda do amigo, quando os projetos são de estruturas fechadas e artificialmente iluminadas, que exigem o uso de ar-condicionado.
segunda-feira, 12 de fevereiro de 2007
Casa Eficiente
Um protótipo de uma casa eficiente está sendo construída pela EletroSul e UFSC. Podemos acompanhar a obra através do site. Visitem: http://www.eletrosul.gov.br/casaeficiente/br/home/index.php
Créditos de emissão de Carbono
Já que o assunto de hoje são os créditos de emissão de carbono, mais uma da Veja (desta semana). Entrevista com o presidente da Alcoa Internacional: Alain Belda.
Veja – No mês passado, o presidente americano George W. Bush anunciou o objetivo de reduzir em 20% o uso de combustíveis derivados de petróleo nos Estados Unidos. Isso é suficiente para combater o aquecimento global?
Belda – Visto que é a primeira vez que Bush fala no assunto, trata-se de um bom sinal. Se a redução proposta é suficiente é outra questão. Na verdade, foi mais um gesto político de Bush, que estava respondendo às pressões da indústria automobilística e dos produtores de milho (com o qual, nos Estados Unidos, se produz biocombustível). O que importa é que o jogo começou. O Congresso e o Senado americanos comprometeram-se a aprovar neste ano uma legislação tratando da redução das emissões de gás carbônico.
Veja – No dia anterior ao discurso de Bush, a Alcoa e outras nove empresas pediram medidas concretas do governo americano para reduzir as emissões de carbono. Por que tomaram essa iniciativa?
Belda – O mundo todo tem a perder com o aquecimento global. A principal razão pela qual essas empresas se reuniram está relacionada à idéia de que é necessário estabelecer regras claras sobre como se vai solucionar o problema do efeito estufa. Só assim as empresas conseguem se preparar adequadamente. Não podemos ficar esperando para definir nossos investimentos. Caso contrário, uma companhia com planos de construir uma fábrica não sabe se deve comprar um forno a gás, a óleo combustível ou a eletricidade. Complica tudo. Também queremos assegurar que essas medidas não sejam tímidas, no sentido de serem só incrementais. O assunto precisa ser tratado com mais agressividade. Os Estados Unidos têm grande capacidade de dar respostas tecnologicamente avançadas a crises desse tipo.
Veja – O que deve ser feito para reduzir as emissões dos gases que aceleram o efeito estufa? Belda – A principal proposta é adotar o que em inglês é chamado de cap and trade (limitar e comercializar). Por esse sistema, define-se o total de gás carbônico que um setor ou o país inteiro pode emitir. Em seguida, permite-se que as empresas comprem créditos de carbono daquelas que reduziram as emissões mais do que o necessário. Com isso, permite-se que as companhias com maior facilidade de redução imediata se beneficiem. Por outro lado, aquelas que só podem resolver o problema a longo prazo ganham tempo para planejar e desenvolver a tecnologia adequada. Tudo isso com o país se beneficiando da redução real e imediata da poluição. É um sistema que funciona nos Estados Unidos com a emissão de enxofre, por exemplo, para evitar a chuva ácida.
Veja – O corte de emissões de carbono proposto pelas companhias é suficiente para desacelerar o aquecimento global?
Belda – A idéia é que, se começássemos agora, seria possível reduzir as emissões de carbono em 15% até 2016, chegando a 2050 com uma redução de quase 50%. Isso seria suficiente para retroceder as emissões em nível internacional. Outros países teriam de participar também. A verdade é que os Estados Unidos não podem ficar esperando pelos outros países. Temos de começar já, e o país mais rico do mundo precisa dar o exemplo.
Veja – Investir no meio ambiente é bom negócio?
Belda – Em toda mudança tecnológica do tipo que estamos tratando há os beneficiados e os prejudicados. Por outro lado, a economia como um todo beneficia-se de toda essa atividade. Criam-se empregos, pesquisas em universidades e novos investimentos nos setores produtivos envolvidos. Sobretudo se as soluções envolverem o desenvolvimento de tecnologia de ponta, abre-se a possibilidade de negócios lucrativos.
Veja – Como uma empresa pode lucrar com isso?
Belda – As companhias que constroem usinas nucleares, por exemplo, finalmente podem convencer todo mundo de que a energia que elas produzem tem seus riscos, mas é fruto de um processo limpo. O dilema sobre o que fazer com o lixo atômico é uma questão menor comparada com o dióxido de carbono que as termelétricas a carvão lançam na atmosfera. Hoje em dia, 40% da energia do mundo é produzida pela queima de carvão. A única solução é injetar os gases poluentes em poços subterrâneos de petróleo vazios. A eficácia dessa tecnologia, no entanto, ainda não foi totalmente comprovada.
Veja – Algumas empresas estão reduzindo suas emissões espontaneamente. O que pesa mais nessa decisão: a percepção de que isso pode dar retorno a longo prazo ou a possibilidade de fazer o papel de bom moço para a sociedade?
Belda – Nenhum dos dois. Veja o caso da Alcoa: entre 1990 e 2005, nós reduzimos em 25% nossa emissão de gás carbônico no mundo. Tomamos essa decisão porque sabíamos que, mais cedo ou mais tarde, teríamos de fazê-lo. É muito melhor fazer as mudanças necessárias enquanto temos o controle do processo na mão. Isso significa antecipar a legislação. A grande jogada em questões ambientais é, primeiro, reconhecer que existe um problema. Segundo, antecipar-se à regulamentação do assunto, resolvendo-o você mesmo. E, terceiro, à medida que são instalados os equipamentos novos, adequar os investimentos à tecnologia que existe e às últimas tendências na área de meio ambiente. Sai muito mais barato, a longo prazo, antecipar esses investimentos do que deixar para fazer depois, quando a regulamentação do governo entrar em vigor. Não é uma questão de ser bonzinho, mas de ser mais eficiente e entender para onde vai a regulamentação. Em termos econômicos e de antecipação de custo, isso é muito melhor do que correr para consertar o que já foi feito.
Veja – Alguns estados americanos têm adotado suas próprias leis de redução de emissão de carbono. Isso é bom?
Belda – Não. Começa-se a ter uma regulamentação diferente para cada estado. Isso desperta incertezas e dúvidas no empresário: "Instalo minha fábrica neste estado ou no outro?", "Devo tirar a fábrica que tenho neste estado porque do lado de lá da divisa a lei é mais adequada à minha tecnologia?". O ideal é ter uma regulamentação única dentro do mesmo país.
Veja – Nos Estados Unidos as empresas estão à frente do governo na preocupação com o aquecimento global. Na Europa ocorre o inverso. Por que essa diferença?
Belda – O confronto entre o Estado e as empresas é uma tradição americana. Já na Europa e no Brasil a praxe é os empresários esperarem que o governo tome a iniciativa. Nos Estados Unidos partimos do princípio de que o Estado é necessário, mas a responsabilidade é das empresas. É por isso que os Estados Unidos têm tanta ação social privada e organizações não-governamentais. Isso explica o alto nível de contribuição das pessoas físicas e jurídicas para a sociedade. A preocupação das empresas americanas com o trabalho social não atinge a mesma dimensão na Europa. Essa filosofia está na base da formação dos Estados Unidos.
Veja – Na sua opinião, houve uma mudança na percepção dos empresários e da opinião pública em relação às causas das mudanças climáticas?
Belda – Existe uma mudança na consciência geral sobre o tema. As pesquisas comprovam que há um aumento na quantidade de gás carbônico no mundo. Não se pode ainda ligar o aumento do CO2 às condições climáticas, mas é evidente que a alta concentração desse gás na atmosfera decorre da atividade humana. É um fenômeno de grande impacto. Há um consenso crescente de que é preciso controlar as emissões de gases poluentes mesmo antes de se ter a confirmação definitiva de que eles são os responsáveis pelas mudanças climáticas. Precisamos agir assim porque, quando se tiver a confirmação, não haverá mais tempo para reverter o processo. Por isso, os políticos finalmente concluíram que a falta de ação acabará por sair mais caro. Acredito que neste ano já devem ser adotadas medidas para o controle eficiente das emissões de gás carbônico. Como tudo na vida política, o processo é demorado. Basta olhar os resultados do Tratado de Kioto. Apesar de tudo ter sido assinado bonitinho, o tratado não foi regulamentado quase em lugar nenhum.
Veja – Os Estados Unidos deveriam aderir ao Tratado de Kioto?
Belda – Não. O Tratado de Kioto já está morto. Um novo pacote de medidas para reduzir as emissões globais terá de ser desenvolvido.
Veja – Até que ponto o Brasil pode lucrar com a tecnologia do álcool combustível?
Belda – O álcool combustível é apenas mais uma das soluções para reduzir as emissões de carbono. Além do álcool, será preciso investir em energia solar, eólica, nuclear, carvão com injeção subterrânea, entre muitas outras. O álcool não resolve, por exemplo, o problema da energia nas indústrias. Mesmo como solução para o automóvel, o etanol serve para o Brasil, talvez para a África, mas a quantidade necessária para substituir a gasolina por álcool em um país como os Estados Unidos é inviável. O Brasil tem tecnologia excelente nessa área, uma produção competitiva de açúcar, instalações apropriadas e vai ser, sem dúvida, um exportador desse produto. Mas o fato é que hoje ninguém tem a exclusividade desse conhecimento.
Veja – Quantas toneladas de gás carbônico a Alcoa emite por ano?
Belda – Em 2006 as emissões da Alcoa no mundo todo foram de 34,4 milhões de toneladas de gás carbônico. A produção de alumínio, no mundo inteiro, é responsável por 1% da emissão global de carbono, incluindo as fontes energéticas necessárias para o processo. A Alcoa lidera o setor com 18% da produção mundial. Graças ao aumento dos índices de reciclagem e à crescente utilização do material na indústria de transportes, tornando os veículos mais leves, estima-se que, a partir de 2015, o alumínio será neutro em termos de emissão de gases causadores do efeito estufa. Isso porque, na reciclagem de sucata de alumínio, são utilizados apenas 5% da energia que foi necessária para fabricar o alumínio primário, a partir da bauxita. Além disso, estamos investindo 200 milhões de dólares em um processo de produção de alumínio que não emite gás carbônico. Todo o nosso investimento tecnológico é feito com o objetivo de nos tornarmos livres de carbono.
Veja – Na sua opinião, quais são os pontos positivos e os pontos negativos do plano de crescimento econômico apresentado pelo presidente Lula há três semanas?
Belda – Encontrei com o presidente Lula em Davos, na Suíça, onde participamos de uma palestra. No debate, abordei a seguinte questão: institucionalmente, o Brasil fez grandes progressos em macroeconomia. Hoje, todo o mundo fala a mesma língua no que se refere a manter a estabilidade macroeconômica. Estamos agora chegando à fase micro. Trata-se de levar as macropolíticas para baixo, para a execução. Sair do discurso e executar o que foi proposto no seu nível mínimo. Para isso, é preciso ter uma máquina eficiente de governo. Essa fase é muito mais complicada. O Brasil tem capacidade de fazer isso.
Veja – O plano apresentado contempla essa necessidade?
Belda – Está na direção certa. O problema agora é a execução, que requer experiências que nós não fazemos na velocidade e com a competência necessárias. Sou, no entanto, otimista em relação às iniciativas do governo Lula neste segundo mandato. Em 1979, o ano em que assumi a presidência da Alcoa no Brasil, o líder sindical Lula liderou uma greve em Poços de Caldas contra a companhia. Agora, 28 anos depois, Lula é o presidente do Brasil e eu o chairman e CEO da Alcoa Inc. Essa história diz muito a respeito do Brasil, suas oportunidades e também seus desafios.
Veja – Muitos empresários reclamam da burocracia brasileira para a aprovação ambiental de obras de infra-estrutura, como as hidrelétricas. De que maneira isso atrapalha o crescimento brasileiro?
Belda – Isso adia o crescimento econômico, porque resulta em atrasos de processos e insegurança para o investimento, em geral de longo prazo. No Brasil, a área de energia elétrica tem sido complicada. Mesmo depois de o governo ter aprovado um projeto e de todas as regras terem sido cumpridas, há um setor da sociedade contra a energia elétrica, contra empresas estrangeiras e contra barragens que toma medidas para atrapalhar as obras, invadindo áreas, sem o Estado tomar posição. Isso atrasa e encarece o projeto. Um país pode perfeitamente crescer com respeito ao meio ambiente
Veja – No mês passado, o presidente americano George W. Bush anunciou o objetivo de reduzir em 20% o uso de combustíveis derivados de petróleo nos Estados Unidos. Isso é suficiente para combater o aquecimento global?
Belda – Visto que é a primeira vez que Bush fala no assunto, trata-se de um bom sinal. Se a redução proposta é suficiente é outra questão. Na verdade, foi mais um gesto político de Bush, que estava respondendo às pressões da indústria automobilística e dos produtores de milho (com o qual, nos Estados Unidos, se produz biocombustível). O que importa é que o jogo começou. O Congresso e o Senado americanos comprometeram-se a aprovar neste ano uma legislação tratando da redução das emissões de gás carbônico.
Veja – No dia anterior ao discurso de Bush, a Alcoa e outras nove empresas pediram medidas concretas do governo americano para reduzir as emissões de carbono. Por que tomaram essa iniciativa?
Belda – O mundo todo tem a perder com o aquecimento global. A principal razão pela qual essas empresas se reuniram está relacionada à idéia de que é necessário estabelecer regras claras sobre como se vai solucionar o problema do efeito estufa. Só assim as empresas conseguem se preparar adequadamente. Não podemos ficar esperando para definir nossos investimentos. Caso contrário, uma companhia com planos de construir uma fábrica não sabe se deve comprar um forno a gás, a óleo combustível ou a eletricidade. Complica tudo. Também queremos assegurar que essas medidas não sejam tímidas, no sentido de serem só incrementais. O assunto precisa ser tratado com mais agressividade. Os Estados Unidos têm grande capacidade de dar respostas tecnologicamente avançadas a crises desse tipo.
Veja – O que deve ser feito para reduzir as emissões dos gases que aceleram o efeito estufa? Belda – A principal proposta é adotar o que em inglês é chamado de cap and trade (limitar e comercializar). Por esse sistema, define-se o total de gás carbônico que um setor ou o país inteiro pode emitir. Em seguida, permite-se que as empresas comprem créditos de carbono daquelas que reduziram as emissões mais do que o necessário. Com isso, permite-se que as companhias com maior facilidade de redução imediata se beneficiem. Por outro lado, aquelas que só podem resolver o problema a longo prazo ganham tempo para planejar e desenvolver a tecnologia adequada. Tudo isso com o país se beneficiando da redução real e imediata da poluição. É um sistema que funciona nos Estados Unidos com a emissão de enxofre, por exemplo, para evitar a chuva ácida.
Veja – O corte de emissões de carbono proposto pelas companhias é suficiente para desacelerar o aquecimento global?
Belda – A idéia é que, se começássemos agora, seria possível reduzir as emissões de carbono em 15% até 2016, chegando a 2050 com uma redução de quase 50%. Isso seria suficiente para retroceder as emissões em nível internacional. Outros países teriam de participar também. A verdade é que os Estados Unidos não podem ficar esperando pelos outros países. Temos de começar já, e o país mais rico do mundo precisa dar o exemplo.
Veja – Investir no meio ambiente é bom negócio?
Belda – Em toda mudança tecnológica do tipo que estamos tratando há os beneficiados e os prejudicados. Por outro lado, a economia como um todo beneficia-se de toda essa atividade. Criam-se empregos, pesquisas em universidades e novos investimentos nos setores produtivos envolvidos. Sobretudo se as soluções envolverem o desenvolvimento de tecnologia de ponta, abre-se a possibilidade de negócios lucrativos.
Veja – Como uma empresa pode lucrar com isso?
Belda – As companhias que constroem usinas nucleares, por exemplo, finalmente podem convencer todo mundo de que a energia que elas produzem tem seus riscos, mas é fruto de um processo limpo. O dilema sobre o que fazer com o lixo atômico é uma questão menor comparada com o dióxido de carbono que as termelétricas a carvão lançam na atmosfera. Hoje em dia, 40% da energia do mundo é produzida pela queima de carvão. A única solução é injetar os gases poluentes em poços subterrâneos de petróleo vazios. A eficácia dessa tecnologia, no entanto, ainda não foi totalmente comprovada.
Veja – Algumas empresas estão reduzindo suas emissões espontaneamente. O que pesa mais nessa decisão: a percepção de que isso pode dar retorno a longo prazo ou a possibilidade de fazer o papel de bom moço para a sociedade?
Belda – Nenhum dos dois. Veja o caso da Alcoa: entre 1990 e 2005, nós reduzimos em 25% nossa emissão de gás carbônico no mundo. Tomamos essa decisão porque sabíamos que, mais cedo ou mais tarde, teríamos de fazê-lo. É muito melhor fazer as mudanças necessárias enquanto temos o controle do processo na mão. Isso significa antecipar a legislação. A grande jogada em questões ambientais é, primeiro, reconhecer que existe um problema. Segundo, antecipar-se à regulamentação do assunto, resolvendo-o você mesmo. E, terceiro, à medida que são instalados os equipamentos novos, adequar os investimentos à tecnologia que existe e às últimas tendências na área de meio ambiente. Sai muito mais barato, a longo prazo, antecipar esses investimentos do que deixar para fazer depois, quando a regulamentação do governo entrar em vigor. Não é uma questão de ser bonzinho, mas de ser mais eficiente e entender para onde vai a regulamentação. Em termos econômicos e de antecipação de custo, isso é muito melhor do que correr para consertar o que já foi feito.
Veja – Alguns estados americanos têm adotado suas próprias leis de redução de emissão de carbono. Isso é bom?
Belda – Não. Começa-se a ter uma regulamentação diferente para cada estado. Isso desperta incertezas e dúvidas no empresário: "Instalo minha fábrica neste estado ou no outro?", "Devo tirar a fábrica que tenho neste estado porque do lado de lá da divisa a lei é mais adequada à minha tecnologia?". O ideal é ter uma regulamentação única dentro do mesmo país.
Veja – Nos Estados Unidos as empresas estão à frente do governo na preocupação com o aquecimento global. Na Europa ocorre o inverso. Por que essa diferença?
Belda – O confronto entre o Estado e as empresas é uma tradição americana. Já na Europa e no Brasil a praxe é os empresários esperarem que o governo tome a iniciativa. Nos Estados Unidos partimos do princípio de que o Estado é necessário, mas a responsabilidade é das empresas. É por isso que os Estados Unidos têm tanta ação social privada e organizações não-governamentais. Isso explica o alto nível de contribuição das pessoas físicas e jurídicas para a sociedade. A preocupação das empresas americanas com o trabalho social não atinge a mesma dimensão na Europa. Essa filosofia está na base da formação dos Estados Unidos.
Veja – Na sua opinião, houve uma mudança na percepção dos empresários e da opinião pública em relação às causas das mudanças climáticas?
Belda – Existe uma mudança na consciência geral sobre o tema. As pesquisas comprovam que há um aumento na quantidade de gás carbônico no mundo. Não se pode ainda ligar o aumento do CO2 às condições climáticas, mas é evidente que a alta concentração desse gás na atmosfera decorre da atividade humana. É um fenômeno de grande impacto. Há um consenso crescente de que é preciso controlar as emissões de gases poluentes mesmo antes de se ter a confirmação definitiva de que eles são os responsáveis pelas mudanças climáticas. Precisamos agir assim porque, quando se tiver a confirmação, não haverá mais tempo para reverter o processo. Por isso, os políticos finalmente concluíram que a falta de ação acabará por sair mais caro. Acredito que neste ano já devem ser adotadas medidas para o controle eficiente das emissões de gás carbônico. Como tudo na vida política, o processo é demorado. Basta olhar os resultados do Tratado de Kioto. Apesar de tudo ter sido assinado bonitinho, o tratado não foi regulamentado quase em lugar nenhum.
Veja – Os Estados Unidos deveriam aderir ao Tratado de Kioto?
Belda – Não. O Tratado de Kioto já está morto. Um novo pacote de medidas para reduzir as emissões globais terá de ser desenvolvido.
Veja – Até que ponto o Brasil pode lucrar com a tecnologia do álcool combustível?
Belda – O álcool combustível é apenas mais uma das soluções para reduzir as emissões de carbono. Além do álcool, será preciso investir em energia solar, eólica, nuclear, carvão com injeção subterrânea, entre muitas outras. O álcool não resolve, por exemplo, o problema da energia nas indústrias. Mesmo como solução para o automóvel, o etanol serve para o Brasil, talvez para a África, mas a quantidade necessária para substituir a gasolina por álcool em um país como os Estados Unidos é inviável. O Brasil tem tecnologia excelente nessa área, uma produção competitiva de açúcar, instalações apropriadas e vai ser, sem dúvida, um exportador desse produto. Mas o fato é que hoje ninguém tem a exclusividade desse conhecimento.
Veja – Quantas toneladas de gás carbônico a Alcoa emite por ano?
Belda – Em 2006 as emissões da Alcoa no mundo todo foram de 34,4 milhões de toneladas de gás carbônico. A produção de alumínio, no mundo inteiro, é responsável por 1% da emissão global de carbono, incluindo as fontes energéticas necessárias para o processo. A Alcoa lidera o setor com 18% da produção mundial. Graças ao aumento dos índices de reciclagem e à crescente utilização do material na indústria de transportes, tornando os veículos mais leves, estima-se que, a partir de 2015, o alumínio será neutro em termos de emissão de gases causadores do efeito estufa. Isso porque, na reciclagem de sucata de alumínio, são utilizados apenas 5% da energia que foi necessária para fabricar o alumínio primário, a partir da bauxita. Além disso, estamos investindo 200 milhões de dólares em um processo de produção de alumínio que não emite gás carbônico. Todo o nosso investimento tecnológico é feito com o objetivo de nos tornarmos livres de carbono.
Veja – Na sua opinião, quais são os pontos positivos e os pontos negativos do plano de crescimento econômico apresentado pelo presidente Lula há três semanas?
Belda – Encontrei com o presidente Lula em Davos, na Suíça, onde participamos de uma palestra. No debate, abordei a seguinte questão: institucionalmente, o Brasil fez grandes progressos em macroeconomia. Hoje, todo o mundo fala a mesma língua no que se refere a manter a estabilidade macroeconômica. Estamos agora chegando à fase micro. Trata-se de levar as macropolíticas para baixo, para a execução. Sair do discurso e executar o que foi proposto no seu nível mínimo. Para isso, é preciso ter uma máquina eficiente de governo. Essa fase é muito mais complicada. O Brasil tem capacidade de fazer isso.
Veja – O plano apresentado contempla essa necessidade?
Belda – Está na direção certa. O problema agora é a execução, que requer experiências que nós não fazemos na velocidade e com a competência necessárias. Sou, no entanto, otimista em relação às iniciativas do governo Lula neste segundo mandato. Em 1979, o ano em que assumi a presidência da Alcoa no Brasil, o líder sindical Lula liderou uma greve em Poços de Caldas contra a companhia. Agora, 28 anos depois, Lula é o presidente do Brasil e eu o chairman e CEO da Alcoa Inc. Essa história diz muito a respeito do Brasil, suas oportunidades e também seus desafios.
Veja – Muitos empresários reclamam da burocracia brasileira para a aprovação ambiental de obras de infra-estrutura, como as hidrelétricas. De que maneira isso atrapalha o crescimento brasileiro?
Belda – Isso adia o crescimento econômico, porque resulta em atrasos de processos e insegurança para o investimento, em geral de longo prazo. No Brasil, a área de energia elétrica tem sido complicada. Mesmo depois de o governo ter aprovado um projeto e de todas as regras terem sido cumpridas, há um setor da sociedade contra a energia elétrica, contra empresas estrangeiras e contra barragens que toma medidas para atrapalhar as obras, invadindo áreas, sem o Estado tomar posição. Isso atrasa e encarece o projeto. Um país pode perfeitamente crescer com respeito ao meio ambiente
Veja 06/12/2006 - Salvar o planeta dá lucro
As emissões mundiais de dióxido de carbono (CO2), o principal vilão do efeito estufa, aumentam à média anual de 2,5%, de acordo com estatísticas divulgadas na semana passada. Até seis anos atrás, o aumento médio era inferior a 1% ao ano. Há várias formas de ajudar na redução dessas emissões devastadoras para o clima global. Uma das mais promissoras é ganhar dinheiro para salvar o planeta. O Brasil é o segundo país com o maior número de projetos para a venda de créditos de carbono, atrás apenas da Índia, e o segundo pelo critério de redução de emissões entre os países emergentes. Nos últimos seis anos, empresas brasileiras venderam mais de 300 milhões de reais desses certificados concedidos como recompensa por projetos de redução nas emissões de gases do efeito estufa. O potencial de faturamento nos próximos seis anos é estimado em 4 bilhões de reais, sem considerar novos projetos que podem vir a ser criados nesse período – o que aumentaria ainda mais o valor.
A base desse negócio é um acordo assinado em uma conferência da ONU em 1997, o Protocolo de Kioto, que tem a adesão de 189 nações. Nesse documento, os países se comprometem a diminuir a emissão de dióxido de carbono até retornar a níveis inferiores aos de 1990. Para estar de acordo com as regras, uma empresa pode diminuir as próprias emissões ou comprar créditos de carbono de companhias dos países em desenvolvimento para compensar a poluição que sua atividade provoca. Esse mercado tornou-se bilionário. Só no ano passado, foram vendidos na Europa 10 bilhões de dólares em licenças de emissão de carbono. O Brasil, como outros 147 países em desenvolvimento signatários do Protocolo de Kioto, não é obrigado a conter a liberação dos gases, mas tem o direito de vender os créditos da sujeira que deixou de fazer. Os brasileiros estão bem colocados nesse negócio graças à experiência com projetos de redução de emissões – empresas nacionais foram as primeiras a registrar um projeto na ONU, em 2004 – e ao baixo custo de implantá-los por aqui.
A base desse negócio é um acordo assinado em uma conferência da ONU em 1997, o Protocolo de Kioto, que tem a adesão de 189 nações. Nesse documento, os países se comprometem a diminuir a emissão de dióxido de carbono até retornar a níveis inferiores aos de 1990. Para estar de acordo com as regras, uma empresa pode diminuir as próprias emissões ou comprar créditos de carbono de companhias dos países em desenvolvimento para compensar a poluição que sua atividade provoca. Esse mercado tornou-se bilionário. Só no ano passado, foram vendidos na Europa 10 bilhões de dólares em licenças de emissão de carbono. O Brasil, como outros 147 países em desenvolvimento signatários do Protocolo de Kioto, não é obrigado a conter a liberação dos gases, mas tem o direito de vender os créditos da sujeira que deixou de fazer. Os brasileiros estão bem colocados nesse negócio graças à experiência com projetos de redução de emissões – empresas nacionais foram as primeiras a registrar um projeto na ONU, em 2004 – e ao baixo custo de implantá-los por aqui.
Há duas maneiras de ganhar dinheiro com a venda de créditos de carbono. A primeira segue os critérios do Protocolo de Kioto. Nesse caso, os projetos são registrados na ONU e podem ter seus créditos vendidos a empresas da União Européia e do Japão, cujos governos já estabeleceram metas de redução da poluição para alguns setores industriais. Cada crédito significa que a companhia retirou da atmosfera 1 tonelada de CO2 e repassa ao comprador o direito de emitir o equivalente em gases poluentes. Antes do registro do projeto na ONU, é preciso que ele seja recomendado por uma comissão interministerial do governo brasileiro – isso costuma levar de quatro a seis meses, devido ao excesso de burocracia. Os negócios brasileiros são feitos sobretudo com compradores europeus. A segunda opção para ganhar dinheiro com as licenças para poluir é colocar os créditos à venda em bolsas independentes. A principal é a Bolsa do Clima de Chicago, fundada em 2003. Os compradores, ali, são principalmente empresas americanas que, apesar de não ser obrigadas por lei (o presidente George W. Bush não aderiu ao Tratado de Kioto), compram créditos para demonstrar sua preocupação com o meio ambiente. IBM, Ford e Motorola estão entre as companhias que compram créditos em Chicago. Há empresas brasileiras que atuam nos dois mercados. Os fabricantes de celulose brasileiros Klabin, Cenibra e Suzano e a indústria química Rhodia têm créditos à venda em Chicago. Mas só a Aracruz já efetuou uma venda. A Suzano Papel e Celulose conta concretizar, neste mês, um negócio de 3,5 milhões de dólares.
Em Chicago, podem ser negociados os créditos de projetos que reduziram a emissão de seis gases do efeito estufa. Pelos critérios da ONU, só valem três tipos de gases. Outra diferença é que na Bolsa do Clima de Chicago podem entrar projetos de reflorestamento – o que explica a predominância de empresas brasileiras de celulose no pregão. Quando as plantas crescem, transformam o carbono do ar em troncos, folhas e raízes. Esse método de seqüestro de carbono, no entanto, não é reconhecido pelas regras de Kioto e não vale para a Europa e o Japão. O jeito, então, é vender os projetos em Chicago, onde a procura é menor e os créditos custam a metade.
A Rhodia ganhou créditos de carbono com a instalação de filtros em suas fábricas de náilon em Paulínia, no interior de São Paulo, e na Coréia do Sul para impedir a liberação de óxido nitroso, 310 vezes pior para o aquecimento global que o gás carbônico. O projeto está registrado na ONU e já rendeu 140 milhões de reais. "No futuro, as empresas terão de administrar o balanço energético tão bem quanto fazem hoje com seu balanço financeiro", diz o economista amazonense Rafael Marques, vice-presidente da Bolsa do Clima de Chicago. O crescimento do comércio de créditos de carbono é tal que já existem até corretores especializados (os chamados brokers), que compram a licença de projetos incipientes para revendê-la a um preço mais alto no futuro, ou simplesmente aproximam vendedores e compradores.
"O mercado de carbono é o melhor exemplo de como o capitalismo pode estar a serviço do meio ambiente", diz o carioca Pedro de Moura Costa, presidente da EcoSecurities, empresa baseada em Londres, que investe em 273 projetos limpos pelo mundo, 32 deles no Brasil. "Em alguns anos, os brasileiros estarão tão familiarizados com as cotações do carbono como hoje estão com os valores do dólar ou do ouro", acrescenta Costa. A previsão faz sentido porque um quinto de todos os projetos de redução de carbono registrados na ONU é brasileiro – são 79, com outros 118 prestes a ser inscritos.
A Rhodia ganhou créditos de carbono com a instalação de filtros em suas fábricas de náilon em Paulínia, no interior de São Paulo, e na Coréia do Sul para impedir a liberação de óxido nitroso, 310 vezes pior para o aquecimento global que o gás carbônico. O projeto está registrado na ONU e já rendeu 140 milhões de reais. "No futuro, as empresas terão de administrar o balanço energético tão bem quanto fazem hoje com seu balanço financeiro", diz o economista amazonense Rafael Marques, vice-presidente da Bolsa do Clima de Chicago. O crescimento do comércio de créditos de carbono é tal que já existem até corretores especializados (os chamados brokers), que compram a licença de projetos incipientes para revendê-la a um preço mais alto no futuro, ou simplesmente aproximam vendedores e compradores.
"O mercado de carbono é o melhor exemplo de como o capitalismo pode estar a serviço do meio ambiente", diz o carioca Pedro de Moura Costa, presidente da EcoSecurities, empresa baseada em Londres, que investe em 273 projetos limpos pelo mundo, 32 deles no Brasil. "Em alguns anos, os brasileiros estarão tão familiarizados com as cotações do carbono como hoje estão com os valores do dólar ou do ouro", acrescenta Costa. A previsão faz sentido porque um quinto de todos os projetos de redução de carbono registrados na ONU é brasileiro – são 79, com outros 118 prestes a ser inscritos.
"Em um futuro não muito distante, espera-se que Brasil, Índia, China e Estados Unidos também tenham metas de redução de emissões, o que fará com que o mercado de créditos de carbono cresça ainda mais", diz o português Pedro Sirgado, superintendente de meio ambiente e de sustentabilidade da Energias do Brasil, companhia que espera faturar 9 milhões de dólares com a venda de créditos gerados por projetos limpos de produção de energia. No início do próximo ano, a Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F) de São Paulo planeja inaugurar um leilão eletrônico especializado no mercado de carbono. A BM&F espera, com isso, facilitar um comércio que hoje ainda depende muito de negociações diretas entre vendedores, compradores e brokers. No início, só serão admitidos projetos já verificados e aceitos pela ONU. Diz Guilherme Fagundes, chefe de projetos especiais da BM&F: "A mudança climática é um fato incontestável, e recorrer às regras econômicas é uma excelente forma de lidar com o problema".
domingo, 11 de fevereiro de 2007
Inserção da Arquitetura no contexto
Considerando a demanda atual em promover atividades humanas com o máximo de aproveitamento de recursos existentes e o mínimo de resíduos e energia empregada, a construção civil está claramente comprometida a criar edificações sustentáveis. Ao longo dos anos o que vemos no Brasil é a concepção tradicional de construção baseada em técnicas e procedimentos arcaicos que, além de gerar desperdícios ao longo da obra, ao final de sua vida útil vão gerar resíduos de grande impacto ambiental. A tendência é de que novos sistemas sejam inseridos considerando a possibilidade de reutilização e que sejam produzidos e edificados com o mínimo de desperdício e impacto na cidade e no meio ambiente.
Além das questões para produzir e dispor das edificações devem ser consideradas também questões de utilização das mesmas. Ao longo de sua ocupação, uma edificação deve se adequar ao conforto dos usuários para que tenha um desempenho satisfatório. Uma edificação localizada em países da Europa, por exemplo, pode não ser adequada ao Brasil, considerando condições culturais e ambientais adversas. O que se faz atualmente, salvo exceções, é projetar edificações que terão ambientes internos controlados através de sistemas artificiais, como ar condicionado, aquecedores e outros. Isto é que, ao longo do uso das edificações, torna estes espaços insalubres, caros energeticamente e sem identidade com o lugar onde estão instaladas.
A industrialização da construção civil e uso de estrutura metálica estão intimamente relacionadas com questões de impacto ambiental. Parte-se da idéia de que se a utilização de recursos industrializados for feita de forma racional será uma garantia de recursos reaproveitados no futuro. Se há séculos atrás as grandes obras demoravam décadas para serem construídas e muitas delas existem até hoje, atualmente as obras ocorrem com maior rapidez, para intervir o mínimo na atividade do entorno, mas tem durabilidade menor. A dinâmica com que modifica a necessidades humanas de ocupação traz consigo a demanda de espaços que possuam múltiplas funções. Como são contínuas, estas demandas mudam ao longo do tempo. Acredita-se que edificações estruturadas em aço atendem de forma satisfatória estas necessidades e que, se ainda existem edifícios em que a princípio é oneroso utilizar tecnologias industrializadas, pensando em longo prazo haverá uma economia de energia na utilização, manutenção, e reciclo deste edifício. O sentido da viabilidade da industrialização que parta da estrutura metálica não consiste apenas no levantamento de custos de cada material, mas no quanto a construção deste sistema será mais ágil que de um sistema convencional, dando um retorno financeiro mais rápido, no quanto reduzirá a mobilização de pessoal envolvido direta e indiretamente na obra e na mobilidade espacial que criará ao longo do uso.
Quando se pensa em industrialização, o uso de estruturas metálicas é não só um precursor como um direcionador para se criar sistemas totalmente industrializados e que gerem o mínimo de desperdício. Além de entender a influência da industrialização na sustentabilidade das edificações é preciso definir diretrizes para que este método construtivo se popularize e que seja gerido através de conceitos sustentáveis. Existe uma tendência de industrialização da construção civil, o que ocorre em países de primeiro mundo há décadas e que no Brasil aparece em exemplos de grandes obras, como shopping centers, edifícios de escritórios e nas primeiras edificações do Light Steel Framing (LSF). Por outro lado, existem vertentes, como a permacultura, que defendem que uma edificação sustentável é pensada a partir de recursos locais como a madeira e o solo. Considerando a sustentabilidade ao longo do processo de “concepção, nascimento e morte” da edificação, a mesma envolve mais do que energia embutida na produção de materiais estruturais e componentes da obra, mas que produzirá menos resíduos ao final da vida útil. A estrutura metálica e seus componentes industrializados, uma vez produzidos e aplicados corretamente, podem ser desmontados e remontados para novas edificações. Além disso, a sustentabilidade aplicada à utilização do edifício, está mais aplicada à maneira como o projeto deste edifício foi concebido que aos materiais em si. Uma vez utilizado, um edifício deve prover segurança estrutural e contra-incêndio, habitabilidade, o que envolve estanqueidade, conforto higrotérmico, conforto acústico, conforto lumínico, saúde, higiene e qualidade do ar, funcionalidade e acessibilidade e conforto tátil. E, por fim, critérios de sustentabilidade que envolvem durabilidade, manutenibilidade e adequação ambiental.
Existem sistemas que avaliam o grau de sustentabilidade dos edifícios que já funcionam em países como EUA, Canadá, Austrália, Japão, França e Inglaterra. Estes sistemas são baseados nos critérios ditos anteriormente, mas consideram necessidades específicas destes países. No Brasil, está sendo desenvolvida uma norma de desempenho pela ABNT (CB02-136), que aborda quesitos de habitabilidade, segurança e sustentabilidade, mas não possuem o foco de consumo energético e impacto ambiental que os índices dos países acima citados possue.
Danielly Garcia, em 02/02/07
Alguns sites sobre certificação verde:
http://www.assohqe.org/
http://www.nabers.com.au/
http://www.sbis.info/index.jsp
http://www.usgbc.org/
http://www.breeam.org/
Além das questões para produzir e dispor das edificações devem ser consideradas também questões de utilização das mesmas. Ao longo de sua ocupação, uma edificação deve se adequar ao conforto dos usuários para que tenha um desempenho satisfatório. Uma edificação localizada em países da Europa, por exemplo, pode não ser adequada ao Brasil, considerando condições culturais e ambientais adversas. O que se faz atualmente, salvo exceções, é projetar edificações que terão ambientes internos controlados através de sistemas artificiais, como ar condicionado, aquecedores e outros. Isto é que, ao longo do uso das edificações, torna estes espaços insalubres, caros energeticamente e sem identidade com o lugar onde estão instaladas.
A industrialização da construção civil e uso de estrutura metálica estão intimamente relacionadas com questões de impacto ambiental. Parte-se da idéia de que se a utilização de recursos industrializados for feita de forma racional será uma garantia de recursos reaproveitados no futuro. Se há séculos atrás as grandes obras demoravam décadas para serem construídas e muitas delas existem até hoje, atualmente as obras ocorrem com maior rapidez, para intervir o mínimo na atividade do entorno, mas tem durabilidade menor. A dinâmica com que modifica a necessidades humanas de ocupação traz consigo a demanda de espaços que possuam múltiplas funções. Como são contínuas, estas demandas mudam ao longo do tempo. Acredita-se que edificações estruturadas em aço atendem de forma satisfatória estas necessidades e que, se ainda existem edifícios em que a princípio é oneroso utilizar tecnologias industrializadas, pensando em longo prazo haverá uma economia de energia na utilização, manutenção, e reciclo deste edifício. O sentido da viabilidade da industrialização que parta da estrutura metálica não consiste apenas no levantamento de custos de cada material, mas no quanto a construção deste sistema será mais ágil que de um sistema convencional, dando um retorno financeiro mais rápido, no quanto reduzirá a mobilização de pessoal envolvido direta e indiretamente na obra e na mobilidade espacial que criará ao longo do uso.
Quando se pensa em industrialização, o uso de estruturas metálicas é não só um precursor como um direcionador para se criar sistemas totalmente industrializados e que gerem o mínimo de desperdício. Além de entender a influência da industrialização na sustentabilidade das edificações é preciso definir diretrizes para que este método construtivo se popularize e que seja gerido através de conceitos sustentáveis. Existe uma tendência de industrialização da construção civil, o que ocorre em países de primeiro mundo há décadas e que no Brasil aparece em exemplos de grandes obras, como shopping centers, edifícios de escritórios e nas primeiras edificações do Light Steel Framing (LSF). Por outro lado, existem vertentes, como a permacultura, que defendem que uma edificação sustentável é pensada a partir de recursos locais como a madeira e o solo. Considerando a sustentabilidade ao longo do processo de “concepção, nascimento e morte” da edificação, a mesma envolve mais do que energia embutida na produção de materiais estruturais e componentes da obra, mas que produzirá menos resíduos ao final da vida útil. A estrutura metálica e seus componentes industrializados, uma vez produzidos e aplicados corretamente, podem ser desmontados e remontados para novas edificações. Além disso, a sustentabilidade aplicada à utilização do edifício, está mais aplicada à maneira como o projeto deste edifício foi concebido que aos materiais em si. Uma vez utilizado, um edifício deve prover segurança estrutural e contra-incêndio, habitabilidade, o que envolve estanqueidade, conforto higrotérmico, conforto acústico, conforto lumínico, saúde, higiene e qualidade do ar, funcionalidade e acessibilidade e conforto tátil. E, por fim, critérios de sustentabilidade que envolvem durabilidade, manutenibilidade e adequação ambiental.
Existem sistemas que avaliam o grau de sustentabilidade dos edifícios que já funcionam em países como EUA, Canadá, Austrália, Japão, França e Inglaterra. Estes sistemas são baseados nos critérios ditos anteriormente, mas consideram necessidades específicas destes países. No Brasil, está sendo desenvolvida uma norma de desempenho pela ABNT (CB02-136), que aborda quesitos de habitabilidade, segurança e sustentabilidade, mas não possuem o foco de consumo energético e impacto ambiental que os índices dos países acima citados possue.
Danielly Garcia, em 02/02/07
Alguns sites sobre certificação verde:
http://www.assohqe.org/
http://www.nabers.com.au/
http://www.sbis.info/index.jsp
http://www.usgbc.org/
http://www.breeam.org/
Situação - Revista Veja 31/12/2006
"O aquecimento global é estudado há 25 anos – mas pode-se dizer que 2006 foi o ano em que a humanidade tomou consciência de que a crise ambiental é real e seus efeitos, imediatos. Novas pesquisas científicas dissiparam a mínima dúvida de que o aumento repentino da temperatura planetária se deve à ação humana, com escassa contribuição de qualquer outra influência da natureza. Até os ecocéticos aceitam agora a idéia assustadora de que o tempo disponível para evitar a catástrofe global está perigosamente curto. Não há mesmo como ignorar o problema. Como uma praga apocalíptica, as mudanças climáticas já afetam o cotidiano de bilhões de pessoas de forma impossível de ser ignorada. Uma prévia do relatório anual da Organização Meteorológica Mundial, órgão da ONU que avalia o clima na Terra, divulgada em dezembro, mostra que 2006 foi marcado por uma série de recordes sombrios no terreno das alterações climáticas e das catástrofes naturais.
Pela primeira vez desde que começaram as medições, no século XIX, o termômetro chegou aos 40 graus em diversas regiões temperadas da Europa e dos Estados Unidos. A Somália foi castigada pelas enchentes mais devastadoras do último meio século. A calota gelada do Ártico ficou 60 400 quilômetros quadrados menor – ou seja, uma área equivalente a duas vezes o estado de Alagoas virou água e ajudou a elevar o nível dos oceanos. Na China, segundo o relatório, a pior temporada de ciclones em uma década resultou em 1 000 mortes e 10 bilhões de dólares em prejuízos. Na Austrália, o décimo ano seguido de seca impiedosa agravou o processo de desertificação do solo e desencadeou incêndios florestais com virulência nunca vista. Sabe-se que o relatório final da Organização Meteorológica Mundial, a ser divulgado em fevereiro, prevê o desaparecimento total do gelo no Ártico durante os meses de verão já a partir de 2040. Isso pode significar a extinção do urso-polar em seu habitat.
Todos esses transtornos são decorrência do aumento de apenas 1 grau na temperatura média do planeta nos últimos 100 anos. Estudos estimam que, mantido o ritmo atual, a temperatura média da Terra subirá entre 2 e 4,5 graus até 2050. O debate científico não é mais sobre em que momento dos próximos cinqüenta anos o aquecimento global se abaterá sobre nosso pobre planeta, mas sobre como escapar da arapuca que nós próprios armamos para as futuras gerações. É universalmente aceito que, para evitar a piora da situação, seria preciso parar de bombear na atmosfera dióxido de carbono, metano e óxido nitroso. Esses gases, resultantes da atividade humana, formam uma espécie de cobertor em torno do planeta, impedindo que a radiação solar, refletida pela superfície em forma de calor, retorne ao espaço. É o chamado efeito estufa, e a ele cabe a responsabilidade maior pelo aumento da temperatura global.
Diante desse quadro sombrio, ganha impulso entre cientistas e políticos a idéia de que ações pontuais, por mais bem-intencionadas, podem não ser suficientes para estancar o aquecimento gradual da Terra. Por sua magnitude, problemas globais exigem soluções também globais. Ou seja, intervir nos processos que causam o aquecimento do planeta é uma tarefa demasiadamente complexa para ser resolvida com o esforço individual das nações. Ainda mais quando se sabe que nenhum país conseguirá diminuir drasticamente as emissões de dióxido de carbono (CO2), o principal vilão do efeito estufa. Isso significaria frear o ritmo de suas indústrias e usinas termelétricas, acarretando enormes prejuízos à economia. Os cientistas que defendem as soluções globais para o aquecimento da Terra avaliam que só com idéias que envolvem um esforço mundial se poderá reduzir o problema.
Vários megaprojetos para amenizar o efeito estufa saíram de universidades e centros de pesquisa nos últimos anos. VEJA selecionou as sete soluções de maior viabilidade técnica e que tiveram melhor repercussão na comunidade acadêmica. São abordagens radicais, mas podem ser a única saída para uma situação de emergência. Cinco delas são fruto de uma corrente científica relativamente recente chamada geoengenharia. Os adeptos miram num cenário em que sejam necessárias medidas urgentes para diminuir a temperatura da Terra rapidamente e interromper, ou evitar, seqüências de catástrofes. A geoengenharia parte de um princípio simples: para deter o efeito estufa, é preciso fazer com que menos raios solares cheguem à Terra. Assim, compensa-se o calor extra provocado pela "tampa" de CO2 e outros gases tóxicos lançados na atmosfera pela ação humana.
Os cientistas alinhados com a geoengenharia admitem que seus projetos para "esfriar" a Terra parecem fantasiosos e radicais por suas dimensões, mas foram todos concebidos para ser exeqüíveis. Em caso de emergência climática, a aplicação de um ou mais desses projetos pode ser a única forma de salvar a humanidade e o planeta que a abriga. "Se dobrarmos a quantidade de CO2 em relação à da era pré-industrial e não tivermos o problema sob controle, talvez seja preciso lançar mão dessas soluções. É necessário ter essa carta na manga para o caso de uma crise planetária", disse a VEJA John Shepherd, diretor do Centro Tyndall, da Inglaterra, instituto que pesquisa mudanças climáticas."
Pela primeira vez desde que começaram as medições, no século XIX, o termômetro chegou aos 40 graus em diversas regiões temperadas da Europa e dos Estados Unidos. A Somália foi castigada pelas enchentes mais devastadoras do último meio século. A calota gelada do Ártico ficou 60 400 quilômetros quadrados menor – ou seja, uma área equivalente a duas vezes o estado de Alagoas virou água e ajudou a elevar o nível dos oceanos. Na China, segundo o relatório, a pior temporada de ciclones em uma década resultou em 1 000 mortes e 10 bilhões de dólares em prejuízos. Na Austrália, o décimo ano seguido de seca impiedosa agravou o processo de desertificação do solo e desencadeou incêndios florestais com virulência nunca vista. Sabe-se que o relatório final da Organização Meteorológica Mundial, a ser divulgado em fevereiro, prevê o desaparecimento total do gelo no Ártico durante os meses de verão já a partir de 2040. Isso pode significar a extinção do urso-polar em seu habitat.
Todos esses transtornos são decorrência do aumento de apenas 1 grau na temperatura média do planeta nos últimos 100 anos. Estudos estimam que, mantido o ritmo atual, a temperatura média da Terra subirá entre 2 e 4,5 graus até 2050. O debate científico não é mais sobre em que momento dos próximos cinqüenta anos o aquecimento global se abaterá sobre nosso pobre planeta, mas sobre como escapar da arapuca que nós próprios armamos para as futuras gerações. É universalmente aceito que, para evitar a piora da situação, seria preciso parar de bombear na atmosfera dióxido de carbono, metano e óxido nitroso. Esses gases, resultantes da atividade humana, formam uma espécie de cobertor em torno do planeta, impedindo que a radiação solar, refletida pela superfície em forma de calor, retorne ao espaço. É o chamado efeito estufa, e a ele cabe a responsabilidade maior pelo aumento da temperatura global.
Diante desse quadro sombrio, ganha impulso entre cientistas e políticos a idéia de que ações pontuais, por mais bem-intencionadas, podem não ser suficientes para estancar o aquecimento gradual da Terra. Por sua magnitude, problemas globais exigem soluções também globais. Ou seja, intervir nos processos que causam o aquecimento do planeta é uma tarefa demasiadamente complexa para ser resolvida com o esforço individual das nações. Ainda mais quando se sabe que nenhum país conseguirá diminuir drasticamente as emissões de dióxido de carbono (CO2), o principal vilão do efeito estufa. Isso significaria frear o ritmo de suas indústrias e usinas termelétricas, acarretando enormes prejuízos à economia. Os cientistas que defendem as soluções globais para o aquecimento da Terra avaliam que só com idéias que envolvem um esforço mundial se poderá reduzir o problema.
Vários megaprojetos para amenizar o efeito estufa saíram de universidades e centros de pesquisa nos últimos anos. VEJA selecionou as sete soluções de maior viabilidade técnica e que tiveram melhor repercussão na comunidade acadêmica. São abordagens radicais, mas podem ser a única saída para uma situação de emergência. Cinco delas são fruto de uma corrente científica relativamente recente chamada geoengenharia. Os adeptos miram num cenário em que sejam necessárias medidas urgentes para diminuir a temperatura da Terra rapidamente e interromper, ou evitar, seqüências de catástrofes. A geoengenharia parte de um princípio simples: para deter o efeito estufa, é preciso fazer com que menos raios solares cheguem à Terra. Assim, compensa-se o calor extra provocado pela "tampa" de CO2 e outros gases tóxicos lançados na atmosfera pela ação humana.
Os cientistas alinhados com a geoengenharia admitem que seus projetos para "esfriar" a Terra parecem fantasiosos e radicais por suas dimensões, mas foram todos concebidos para ser exeqüíveis. Em caso de emergência climática, a aplicação de um ou mais desses projetos pode ser a única forma de salvar a humanidade e o planeta que a abriga. "Se dobrarmos a quantidade de CO2 em relação à da era pré-industrial e não tivermos o problema sob controle, talvez seja preciso lançar mão dessas soluções. É necessário ter essa carta na manga para o caso de uma crise planetária", disse a VEJA John Shepherd, diretor do Centro Tyndall, da Inglaterra, instituto que pesquisa mudanças climáticas."
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Este blog foi criado para reunir informações a respeito de Arquitetura, Sustentabilidade, Aquecimento Global e por fim, o que temos para contribuir com a arquitetura na melhoria do clima. Se é que ainda podemos!!!
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